Enquanto possuirmos, não amaremos
Nós conhecemos o amor como sensação, não é? Quando dizemos que nós amamos, conhecemos o ciúme, o medo, a angústia. Quando você diz que ama alguém, tudo isso está implicado: inveja, o desejo de possuir, o desejo de ter, dominar, o medo da perda, e assim por diante. Tudo isto nós chamamos amor, e não conhecemos o amor sem medo, sem inveja, sem posse; nós meramente verbalizamos esse estado de amor que é sem medo, nós o chamamos de impessoal, puro, divino, ou Deus sabe o que mais; mas o fato é que somos invejosos, somos dominadores, possessivos. Nós só conheceremos esse estado de amor quando inveja, ciúme, possessividade, dominação chegarem a um fim; e enquanto possuirmos nunca amaremos... Quando você pensa sobre a pessoa que você ama? Você pensa nela quando ela vai embora, quando está longe, quando ela o deixou... Então, você sente falta da pessoa que você diz que ama só quando você está perturbado, está sofrendo; e enquanto você tem aquela pessoa, você não tem que pensar nela, porque na posse não há perturbação... O pensar vem quando você está perturbado e você está destinado a ser perturbado enquanto seu pensar é o que você chama de amor. Certamente, amor não é uma coisa da mente; e porque as coisas da mente encheram nossos corações, não temos amor. As coisas da mente são ciúme, inveja, ambição, o desejo de ser alguém, de ter sucesso. Estas coisas da mente enchem seus corações, e então você diz que ama; mas como você pode amar quando você tem todos estes elementos confusos em você? Quando há fumaça, como pode haver uma chama pura?
(J. Krishnamurti, The Book of Life)

Comentários