"Tudo o que existe exala pensamento e assim eu sinto o universo (...) como um possante organismo conceptual. A verdadeira grande noúre que eu aferro e registo é a emanação harmónica e orgânica do pensamento infinito de Deus.
Cai, então, o véu dos mistérios e tudo expressa a substância de seu ser numa espontânea revelação. (...)
Sou, assim, lançado num mundo maravilhoso. Possuo, então, uma nova vista, um feixe de sentidos novos e, sem órgãos físicos, um poder de percepção anímica, directa, supersensória. Assim se explica a necessidade daquela espécie de transe que me livra da presença dos sentidos físicos, a fim de que eles não me tornem a chamar à realidade sensória exterior, que não sabe falar-me senão da forma. Devo realizar, antes de mais, a tarefa de libertar-me dessa estorvante psique racional de superfície, que para os outros é tão fundamental. Não mais vejo, então, o fenómeno no seu aspecto exterior, mas sinto o princípio que o movimenta; não vejo, por exemplo, a semente em seus caracteres morfológicos, mas a enxergo na íntima estrutura de seu ser, como vontade de desenvolvimento, como presciência do ambiente e da meta a atingir;
(...)
Nunca vejo um problema, ainda que mínimo, isolado, mas sempre relacionado com a organização de toda a fenomenologia universal e resolvido em relação a ela. Somente com este método (intuitivo e dedutivo) se podia fazer uma síntese e encontrar a unidade."
~ Pietro Ubaldi - "As Noúres - Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento"

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