Pergunta: Em vez das vossas análises minuciosas da questão do ser e “vir a ser”, porque não vos dedicais a uma das momentosas questões do nosso país, apontando-nos uma solução? Qual é por exemplo a vossa posição nas questões da unidade hindu-moslim, da amizade entre o Paquistão e a Índia, da rivalidade entre os brâmanes e os não-brâmanes, e se Bombaim deveria ser uma cidade livre ou fazer parte do Maharashtra? Prestareis um serviço relevante se puderdes sugerir uma solução eficaz para esses difíceis problemas.

Krishnamurti: Se Bombaim deve ser cidade livre ou não, se deve haver amizade entre hindus e moslens, são problemas iguais aos que se apresentam aos seres humanos em todas as partes do mundo. São problemas difíceis ou são problemas infantis? Positivamente, já era tempo de nos termos emancipado dessas puerilidades; e a isso chamais problemas momentosos? Quando vos intitulais hinduístas e dizeis que pertenceis a uma determinada religião, não estais disputando por causa de palavras? Que se entende por hinduísmo? Um conjunto de crenças, dogmas, tradições e superstições. Religião é crença? Religião é a busca da verdade, e os homens religiosos não têm dessas ideias estúpidas. Aquele que busca a verdade é um homem religioso e não tem necessidade de etiquetas, tais como “hinduísta”, “muçulmano”, “cristão”. Por que nos chamamos hinduístas, muçulmanos ou cristãos? Porque não somos verdadeiramente religiosos, em absoluto. Se tivéssemos amor, se tivéssemos caridade em nossos corações, não faríamos o menor caso de títulos — e isso é que é religião.


Comentários